A justiça é a virtude que constitui a felicidade dos homens sobre a terra, bem como no céu, porque a sua prática nos habilita a gozarmos a felicidade que Deus nos afiança, decretando à observância de suas leis o prêmio e a transgressão de seus preceitos o castigo. Costumamos olhar para ela com horror, ao passo que sua administração é o mais belo exercício da humanidade.
O seu nome, só o seu grande nome enche-nos de temor quando, no seu verdadeiro espírito, deveria banhar com torrentes de prazer todos os corações. É a imagem da eterna sabedoria, e imutável, porque assim o é o seu autor. É necessária para manter a ordem pública, para proteger o fraco, defender o inocente, castigar o criminoso, unir os vassalos ao rei e o homem a Deus. Que grande e inestimável virtude. Sem ela tudo seria confusão e desordem; os homens corrompidos e criminosos seriam insuportáveis, o Estado decairia, e até a própria religião seria insultada, nem contaria tantos apóstolos e vítimas, se um Deus justo não preparasse penas terríveis a uns e coroas brilhantes a outros.
Não faltou esta heróica virtude a Antônio; possuiu-a no mais alto grau, porque senhoreado dos seus ditames e preceitos, extirpou as violências e os erros com que se ofuscava a verdade, sustentando em perfeito equilíbrio a justiça dos direitos de Deus para com os homens e os destes para com os soberanos; e para chegar a este fim, clamou denodadamente contra os vícios, corrigiu-os pelos ditames da justiça, que, com altissonante voz, apregoou e aplicou em ocasião oportuna, tendo por fim arraigar esta sublime virtude e, com ela, vincular os homens na união perfeita com Deus e na felicidade dos homens.
Oração
Antônio justo, as estradas que o mundo representa semeadas de flores não foram os caminhos que pisastes; as inocentes veredas da virtude e da justiça, eis o vosso caminho, por onde seguistes seguro, porque é o plano formado pela Providência. Qualquer outro seria ruinoso, porque não tem alicerces tão firmes. Assim é que soubestes conhecer e amar a justiça, sem que o respeito dos grandes, a infame lisonja, ou uma fortuna brilhante pudessem sufocar os ardentes impulsos com que esta virtude voz fazia pregar a palavra de Deus. Fazei que estes sejam também os nossos caminhos, porque só eles nos conduzem à pátria. Infundi em nossos corações o amor da justiça, para sufocarmos a paixão do amor próprio, de que somos vítimas e que nos cega. Assim, guiando as nossas ações pela verdade, evitemos os males que a sua falta costuma produzir em prejuízo da felicidade a que nos aspiramos na terra, e ainda mais, de que procuramos gozar convosco no céu, onde estamos colher o fruto do prêmio que aos justos reparte Deus por toda a eternidade. Amém.
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