quarta-feira, 29 de junho de 2011

PEDRO E PAULO, MISSIONÁRIOS DE JESUS

Em vários países, o dia 29 de junho é dia santo de guarda e feriado; no Brasil, há muitos anos, a festa de São Pedro e São Paulo é comemorada liturgicamente no domingo seguinte. Não deixa de ser significativo, pois é o “dia do Senhor ressuscitado” e os apóstolos foram testemunhas qualificadas da ressurreição de Jesus Cristo; domingo também é dia de ouvir a Palavra de Deus e de celebrar a Eucaristia, transmitidas a nós pelos apóstolos, e de professar a fé que nos reúne na mesma Igreja fundada sobre o testemunho apostólico.

Cada um deles, do seu modo, deu seu testemunho por Jesus Cristo pela pregação e pelo martírio: Pedro representa a ligação da comunidade cristã com a herança espiritual do Judaísmo; Paulo, a orientação universal do Evangelho e da ação missionária da Igreja. Ambos são considerados fundadores da Igreja de Roma, conhecida como “sede de Pedro”; não é menos, ela também é a “sede de Paulo”, que ali também derramou seu sangue por Jesus. No próximo dia 28 de junho, o Papa Bento XVI abre em Roma o “ano paulino”, dedicado a São Paulo; segundo os estudiosos, o grande Apóstolo dos povos teria nascido ente os anos 6 e 10 da era cristã.

Todos os anos, na solenidade de São Pedro e São Paulo, durante uma cerimônia singela, o Papa entrega o pálio aos novos arcebispos metropolitas, nomeados depois de 29 de junho do ano precedente. O pálio é uma peça da indumentária litúrgica usada pelos arcebispos durante as celebrações nas suas próprias sedes episcopais e simboliza a especial vinculação deles com o Sucessor de São Pedro e com a inteira Igreja fundada sobre a “rocha” de Pedro. Para destacar ainda mais esse significado, os pálios, antes de serem entregues, ficam depositados sobre o túmulo de São Pedro, na cripta da basílica vaticana.

A festa de São Pedro e São Paulo também é o Dia do Papa, para a especial oração pelo Sucessor de Pedro, que tem a missão de “confirmar os irmãos na fé (cf Lc 22,32) e de ser a referência visível da unidade de toda a Igreja de Cristo. Recordamos, com alegria e gratidão, a recente visita de Bento XVI em São Paulo, que foi uma bênção para São Paulo e para o Brasil. Sabemos quanto é grande e difícil a sua missão diante da Igreja e de toda a imensa família humana; por isso, seguindo o exemplo da primeira comunidade eclesial em Jerusalém, também nós “oremos continuamente por ele” (cf At 12,5).

Na comemoração dos apóstolos Pedro e Paulo, desde antiga tradição, realiza-se em todo o mundo católico a coleta chamada “do óbolo de São Pedro”; os filhos da Igreja são convidados a fazer uma generosa oferta destinada a apoiar a caridade da Igreja, feita através do Papa, em todo o mundo. Trata-se de uma das 3 coletas anuais para as necessidades e iniciativas universais da evangelização. Com o seu fruto, o Papa pode manifestar a solidariedade concreta da Igreja em muitas situações de sofrimento e promover a evangelização em lugares onde a presença da Igreja ainda é frágil, ou mesmo inexistente.

Os apóstolos Pedro e Paulo têm um significado muito especial para nós, pois seu papel foi determinante na difusão do Evangelho e na configuração da Igreja nascente e do próprio Cristianismo. É sempre bom lembrar que o Evangelho de Jesus chegou até nós pela pregação e o testemunho dos apóstolos; por isso, a Igreja os tem em grande consideração e, ao longo da história, sempre mediu a autenticidade da própria fé e do seu ensinamento na “tradição apostólica”, ou seja, naquilo que foi transmitido pelos apóstolos.

Não por nada, nossa Igreja é “católica e apostólica”, pois ela foi edificada sobre o ensinamento dos apóstolos e manteve, de maneira nunca interrompida, sua fidelidade à fé por eles transmitida. Somos parte desse imenso povo que crê em Jesus Cristo, com os apóstolos, e como eles creram. Isso nos alegra e também é motivo de firmeza para nossa fé e adesão à Igreja Católica. Ao mesmo tempo, compromete-nos a revigorar nossa vida cristã, sempre de novo, no testemunho apostólico para realizarmos hoje a missão Jesus confiou a eles e também a nós. Como eles, também nós somos convidados a ser ardorosos discípulos e missionários de Jesus Cristo.

Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo

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