Socorrei-me, Senhor e vida minha, a fim de que não venha a morrer na minha maldade. Se não me criasseis, não existiria; criastes-me, passei a existir; se não me dirigirdes, cessarei de existir.
Não foram encantos ou méritos meus que vos compeliram a dar-me o ser, senão a vossa infinita munificência.
Suplico-Vos, pois, que aquele mesmo amor que Vos compeliu à minha criação, possa igualmente compelir-Vos a reger-me; porquanto, que aproveita haver-Vos o vosso amor compelido a criar-me, se eu morrer na minha miséria, privado da direção de vossa destra?
Obrigue-Vos, Senhor, a salvar-me essa mesma clemência que Vos levou a tirar do nada o que jazia no nada; vença-Vos em libertar-me a caridade que Vos venceu em criar-me, pois não é hoje menor este vosso atributo do que era então.
A caridade sois Vós mesmos, que sempre sois e não mudais. Não se Vos encurtou a mão, que não possais salvar-me; nem se Vos endureceu o ouvido, que não mais Vos seja dado ouvir-me.
Santo Agostinho
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