Dulcíssima Soberana, se é o vosso ofício interpor-Vos como medianeira entre Deus e os pecadores, dignai-Vos exercê-lo em meu favor. Não me digais que a minha causa é muito difícil de ganhar, porque sei, e todo o mundo o afirma, nunca uma causa, por desesperada que parecesse, se perdeu quando Vos teve por defensora: e só a minha correria risco? Não, não o temo.
Sem dúvida, se não considerasse senão a multidão de meus pecados, deveria temer que me recusásseis defender; mas quando penso na vossa imensa misericórdia, e no extremo desejo que anima o vosso maternal coração, de socorrer os pecadores mais sem esperança, todo o meu medo se esvai.
Quem é que já se perdeu, depois de ter recorrido a Vós? Chamo-Vos, pois, ao meu socorro, ó Maria, minha poderosa advogada, meu refúgio, minha esperança e minha Mãe. Às vossas mãos entrego a causa da minha salvação eterna; confio-Vos a minha alma: se ela está perdida, a Vós toca salvá-la.
Não cesso de dar graças ao Senhor pela confiança sem limites que me inspira em Vós, a qual, não obstante a minha indignidade, me dá segurança de salvação. Um só temor me aflige, ó minha amadíssima Rainha: é perder um dia pela minha negligência a confiança que tenho em Vós.
Suplico-vos pois, ó Maria, em nome do amor que tendes ao vosso dulcíssimo Jesus, conservai, aumentai em mim cada vez mais esta doce confiança na vossa intercessão; ela com certeza me fará redobrar a amizade de Deus, que tão loucamente desprezei e perdi no passado.
Uma vez recobrada esta amizade, espero conservá-la pelo vosso socorro, e conservando-a, chegar ao paraíso, onde terei a felicidade de Vos render graças e cantar as misericórdias de Deus e as vossas durante a eternidade.
Santo Afonso de Ligório
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